terça-feira, 15 de junho de 2010

Quem decide sua felicidade no trabalho? - Floriano Serra

Para mim parece óbvio que a felicidade não é obtida pela informação nem
pelo conhecimento – porisso mesmo não há MBAs, mestrados ou
doutorados nessa matéria. A felicidade é internalizada através de
percepções e sentimentos. Ninguém sabe que é feliz, mas sente que o é.
A felicidade deve ser descoberta, deve ser encontrada dentro da própria
pessoa. Ela só pode ser conquistada por você dentro de você. Ninguém
tem o poder de fazê-lo feliz, porque a porta que dá acesso ao seu coração
abre-se de dentro para fora. Só entra ali o que e quem você permitir.
Alguém ou algo precisa cativá-lo a ponto de dar-lhe o sentido e o
sentimento da felicidade. Quantas pessoas à sua volta se esforçam para
fazê-lo feliz e não conseguem?
O que estou querendo dizer é que, mesmo que os estímulos geradores da
felicidade sejam externos, o processo que conduz à autopercepção da
mesma é exclusivamente interno. Dependem da sua receptividade para se
tornarem efetivos.
Por outro lado, os fatores geradores de felicidade não valem igualmente
para todas as pessoas. Cada uma tem sonhos, necessidades e
expectativas próprias e diferentes das demais. O que me faz feliz pode não
ter o mesmo efeito para você. Alguns necessitam de pompa e
circunstancia para isso, outros encontram a felicidade em coisas simples e
rotineiras.
Eis o resumo do que quero dizer: ser feliz no trabalho é um direito seu,
mas é também uma responsabilidade sua.
Claro que um lider de verdade pode contribuir – e muito – para que você
se sinta feliz no trabalho. Eu disse um lider de verdade. Não me refiro
aos que são chamados de “líderes” por força do cargo, equívoco que
muita gente boa comete. Cargo não outorga liderança a ninguém.
Liderança é uma qualidade pessoal e intransferível; não depende de
estruturas nem de sistemas para ser legitimada.
Sobre esta questão, no meio de tantas definições de liderança que há no
mercado, tenho a pretensão e a ousadia de ser simples: Liderar é
produzir resultados através de pessoas felizes. É simples assim. Para
mim a verdadeira liderança consiste em promover e permitir a felicidade
entre os liderados, de forma a fazê-los voluntariamente perseguir e atingir
os objetivos com motivação e comprometimento.
Não pretendo ensinar ninguém a ser feliz – já disse que felicidade não se
aprende. Também não quero ensinar ninguém a ser líder. Todos somos
líderes em estado latente. Assim como a felicidade, o potencial da
liderança está dentro de cada pessoa. Tudo do que precisamos é trazer
essas energias para fora, praticá-las e compartilhá-las.
Como disse o médico austríaco Wilhelm Reich, o criador da Bioenergética,
“o primeiro passo para escaparmos de uma armadilha é reconhecer que
estamos numa.”
Profissionalmente, você pode estar numa “armadilha” que não agrega
felicidade à sua vida. A “culpa” pode ser da empresa ou do seu chefe, mas
a responsabilidade de escapar dela é sua. Com calma, bom senso,
planejamento, ética e profissionalismo, mas com determinação. Pense a
respeito. Veja o que dá para fazer para mudar o cenário. E tente. E tente
outra vez. Mas não esqueça de que há um limite além do qual a paciência
deixa de ser virtude.
No meu livro “A Terceira Inteligência” conclúo um dos capítulos repetindo
um sábio provérbio chinês. Conclúo este artigo com a mesma frase,
porque ela tem tudo a ver com a busca da felicidade:
"Não tenha medo de crescer lentamente. Tenha medo apenas de ficar
parado.”


*Floriano Serra é psicólogo, diretor de RH e Qualidade de Vida da APSEN
Farmacêutica, autor do livro “A Terceira Inteligência” (Butterfly Editora), 2a. edição.
floriano.serra@apsen.com.br