quinta-feira, 1 de julho de 2010

Voltando-se para dentro Fonte: Personare

Movimento. Está aí uma palavra-chave para entender os processos da vida. Movimentar a mente e o espírito é tão importante quanto mexer o corpo. Desafiar a chamada zona de conforto pode trazer um certo medo no início, mas é um bom jeito de explorar potencialidades e crescer. Viajar, ir ao cinema sozinha, revelar o seu amor por alguém. Viver, simplesmente. Trabalhar mais o "dentro" do que o "fora". Estamos todos - e principalmente nós, mulheres - voltados muito para fora, para a casca, nesses últimos tempos. Certamente, por causa disso, estamos entre as que mais recorrem à cirurgia plástica no mundo todo, além de também liderarmos o ranking das que mais consomem remédios para emagrecer no planeta. São índices que nos envergonham, porque evidenciam a insegurança, o constrangimento, a culpa, a futilidade e a baixa estima dessa fatia de mulheres que só buscam se encaixar no "padrão".


Precisamos passar para nossas filhas, amigas, irmãs e desconhecidas a valiosa mensagem de que somos, sim, livres, inteiras e lindas como somos. Não precisamos nos desfigurar em plásticas, exagerar no Botox nem arriscar a vida em lipos cada vez mais mortais. Depois de tanta luta por direitos, por espaço e voz, que foram merecidamente conquistados entre os anos 60 e 80, é patético ver o "feminino" se transformar em um padrão fixo, rígido e infeliz. Precisamos ser amigas de nosso corpo, não juízas implacáveis da aparência. "Precisamos ser amigas de nosso corpo, não juízas implacáveis da aparência. " Não podemos mais ter culpa e vergonha por não nos encaixarmos nos tamanhos 38 ou 40. Precisamos passar para nossas filhas a mensagem de que vale a pena viver- de forma mais livre e íntegra, e gostando do próprio corpo do jeito que ele é. Da altura, do nariz, da cor de pele, do tipo de cabelo. Assim que a menina começa a crescer, ela se descobre como um ser feminino, e seu modelo mais direto é a mãe. Se ela recebe afeto e sente que é admirada e valorizada, tenderá a gostar de si mesma e aceitar seu corpo como é.


Como já disse o filósofo francês Michel de Montaigne, no século 16: "A pior desgraça para nós é desdenhar aquilo que somos".